(Imagem: Alexandre Vidal / Flamengo)
Uma atuação soberana, típica do atual campeão brasileiro e da Libertadores.
Após o caos do Equador, o desfalque de diversos jogadores por covid-19, contusão e suspensão, uma surra de 5 x 0 há nada mais nada menos dez dias e uma série de questionamentos, o Flamengo deu o troco em campo, diante do mesmo Del Valle, venceu por 4 x 0 e está classificado com uma rodada de antecedência para as oitavas de finais da Libertadores.
É possível dizer que essa trajetória iniciou-se na vitória suada contra o Barcelona, quando teve 11 desfalques (7 por covid, 3 machucados e 1 suspenso) e venceu por 2 x 1 – com os jogadores extenuados ao fim do jogo – , e prosseguiu contra o Palmeiras com 23 desfalques (19 por covid e 4 machucados) e arrancou o empate em 1 x 1 – merecendo ganhar -, e chegou ao Maracanã para enfrentar justamente o Del Valle.
Era um Flamengo em campo com média de idade de 21,8 anos. A zaga inteira formada por sub-20 fazendo sua estreia na Libertadores, inclusive o goleiro Neneca. E a comissão técnica foi inteligente ao entender esse momento, e ignorou a posse de bola e algumas principais características da equipe. Serviu para demonstrar que é possível jogar de uma forma diferente, e mesmo assim atuar bem e vencer.
A defesa fica menos exposta, o time é mais compacto e o contra-ataque ficou aberto. O Flamengo preparou bem diversas armadilhas: com três, quatro passes o Rubro-Negro parava na cara do gol, tamanha a verticalidade e frieza nos contragolpes. A única arma equatoriana foi o chute de longa distância no primeiro tempo, pensando que no gol estaria o César.
Foi uma espécie de futebol reativo, mas de forma ofensivo e atraente. Os últimos dois jogos (Palmeiras e Del Valle), diante de todas as circunstâncias, era impossível exigir marcação pressão com linhas altas, tamanho os desfalques. Foram 40% de posse no domingo e 32% contra os equatorianos.
Contudo, dos 558 passes do Del Valle, 424 foram trocados pela defesa mais o goleiro. Ou seja, 75% dos passes do Del Valle foram do sistema defensivo. As linhas mais recuadas pareciam incomodar o adversário, que se irritaram com a falta de espaço. Segundo dados do Sofascore, a concentração de jogo foi no meio de campo.
Esse surto de pandemia serviu para mostrar que o Flamengo não tem só um elenco forte, mas um punhado de jogadores da base que podem ser úteis: Neneca, Noga, Natan, Otávio, Ramon, Bala. E ainda tem Matheuzinho, Lázaro, Richard, Muniz.
Quem poderia dizer que após o 5 x 0 no Equador e o surto de Covid, a equipe conseguiria a classificação com uma rodada de antecedência na Libertadores? Flamengo passou pela fase mais difícil dos últimos anos ajudado por sua categoria de base, renasceu das cinzas. Agora precisa de consistência.